Pelotas: Pai-de-Deus celebra o teatro e relembra as dores da ditadura


Foto Juliano Kirinus

Peça estreia com apresentações intimistas no CT Tholl e texto de Valter Sobreiro Júnior.

As dores da ditadura ainda ecoam. Seja na memória do povo ou nos palcos, onde a arte faz o espectador resgatar as mais diferentes sensações. Nesta atmosfera a peça “Pai-de-Deus” estreia terça-feira(5), às 20h, no Centro de Treinamento do Grupo Tholl, em Pelotas.

Foto Juliano Kirinus

A volta do ator Joao Schmidt aos palcos é marcada pela parceria com Valter Sobreiro Júnior, que assina o texto e também a música original. “Entre os tantos significados potentes que a releitura desse texto traz, temos também o nosso reencontro, já que o Valter foi o diretor da minha estreia nos palcos, em 1985”, destaca. O título da obra é o apelido dado a um torturador, personagem encenado por Joao. Ele faz o papel do homem mais velho, que recebe a visita de um jovem, vivido por Germano Rusch.

“A dança de interpretações dos personagens também remete sonoramente a pas de deux, em um orquestrado jogo de forças – opostas e complementares”, resume. O texto se divide em duas partes, centradas nas visitas que o jovem faz ao velho, e onde os conflitos estabelecidos dão conta de memórias terríveis que os ligam a um passado comum: a ditadura militar. Um dos momentos fortes da peça é a participação de Tania Fayal, por projeções em vídeo “É um depoimento real, de alguém que viveu na pele a tortura”, define Joao.

O ator Germano Rusch, formado em teatro pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel), conta que durante o espetáculo emergem culpas, remorsos, desespero e violência. “São sentimentos que trazem o espectador a esse período sombrio, em que a tirania se impunha aos corações e mentes do país”, observa. Nascido em um 31 de março, no ano em que o golpe militar de 1964 completava 30 anos, Germano acredita que através da arte é possível expor para as diferentes gerações as feridas deixadas, para que não se repitam.

PREPARAÇÃO – Antes de se lançar por turnê em Porto Alegre, São Paulo e Rio de Janeiro, a peça será apresentada para convidados e imprensa nas terças e quartas-feiras de abril, no palco intimista montado no CT Tholl. A peça tem preparação corporal de Marvin Duarte, figurinos de João Bachilli, desenho de luz e operação técnica de Fabrício Álvaro, cenografia de Joao Schmidt e edição de vídeo de Mateus Dias. O espetáculo é comemorativo aos 60 anos de carreira do teatrólogo Valter Sobreiro Junior. “Será um momento de celebração e aplausos a esse grande farol das artes cênicas, que é o Valter”, finaliza Joao.

Fonte: Satolep Press

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