
A História nos ensina lições duras e inestimáveis. E o melhor de tudo é que na Charqueada São João a História está ao nosso redor
Normalmente, quando se estuda a história de uma determinada região, surgirão aqui e ali algumas coisas que nos farão questionar a civilização e a cultura de uma época. Aquilo que era o comum em um momento histórico, que movia a economia, que gerava frutos e construía cidades, hoje é visto como uma nódoa difícil de lidar.
Assim é com as charqueadas de Pelotas.
Quando se visita, hoje, o entorno poético das famosas fazendas dedicadas à produção do charque no Rio Grande do Sul, chocam as informações que o guia vai fornecendo: a dureza da vida, a frieza com que se tratavam os escravos, a falta daquilo que hoje chamamos de humanidade. As charqueadas, afinal, se ergueram e perpetuaram à base da mão de obra escrava e de um trabalho tão duro que parece inumano. As condições que tais lugares ofereciam – as carcaças dos bois abatidos, o odor, as condições em que ficou o arroio Pelotas, justo este que deu nome à cidade, com a instalação das inúmeras fazendas charqueadoras em suas margens – tudo contrasta de tal maneira com o que se vê hoje que a primeira reação é de repúdio. Parece impossível que um lugar tão delicioso, com recantos pitorescos e sombras centenárias, possa ter sido cenário de costumes pouco civilizados e episódios sangrentos. Parece impossível que Saint-Hilaire tivesse escrito nas paredes da Charqueada São João, uma das páginas mais tristes da história da escravidão no Brasil, a descrição que ele faz de um menino negro, escravo no salão da casa. Daquela casa.
Mas esta é a impressão superficial.


São as lições que o Tempo nos ensinou: são as portas abertas as que recebem os amigos – os novos amigos, os de todas as partes, os admiradores e as pessoas dispostas a valorizar a capacidade do mundo de se renovar eternamente: é só olhando para trás, que compreendemos de fato a importância de ir em frente.
Fonte: www.porteiradafantasia.blogspot.com
Blog da escritora e professora de dança, Simone Saueressig
Blog da escritora e professora de dança, Simone Saueressig

Editor, gestor de conteúdo, fundador do ecult. Redator e pretenso escritor, autor do romance Três contra Todos. Produtor Cultural sempre que possível.