
Atividade fez parte das ações de educação patrimonial das obras em curso na igreja permitindo acessibilidade ao patrimônio histórico a pessoas cegas e de baixa visão
A importância da Catedral Metropolitana São Francisco de Paula pôde ser tocada e sentida durante a visita guiada de alunos da Escola Louis Braille na quinta-feira (11), durante uma das ações de Educação Patrimonial que integram a restauração da igreja. O projeto realizado pela Perene Patrimônio Cultural abrange a etapa final da cobertura, restauração completa do assoalho e projeto de acessibilidade do Salão São José. Para receber o grupo, formado por cerca de 20 pessoas cegas e com baixa visão, a antropóloga Liza Bilhalva e a arqueóloga Marta Bonow, da Alma Patrimônio, contaram com a participação dos museólogos Everton Lautenschlager e Leandro Pereira. Na primeira fase das atividades, os alunos do Colégio São José criaram cúpulas da igreja, com relevos, a partir de um trabalho artístico de papietagem. De acordo com Marta Bonow a ideia era criar uma conexão com a futura visita do Braille, onde a acessibilidade ao patrimônio seria o principal foco. “Além de conhecer mais sobre a história da igreja, eles puderam sentir através do toque e perceber as cúpulas, mosaicos e até a maquete em 3D da igreja, tendo noção dos espaços e detalhes”, explica.

A experiência de alguns foi além do toque, já que tiveram a oportunidade de entrar pela primeira vez na Catedral. Aluna há nove anos da Escola Louis Braille, Cleusa Borba Fonseca, 51, tem baixa visão e ficou emocionada com a experiência. “Todo mundo me dizia que era bonito, da importância, mas eu nunca tinha entrado. Embora eu ainda enxergue um pouquinho, ter participado dessa atividade foi muito importante para ter noção dos espaços”, avalia. Para ela, que vive há 30 anos na cidade, outras ações de inclusão deveriam acontecer para que possam conhecer outros locais históricos.
Vivência que levou o museólogo e consultor de acessibilidade, Leandro Freitas Pereira, 44, a buscar um caminho profissional que ampliasse as possibilidades das pessoas com cegueira ou baixa visão. “Este é um lugar não só de conhecimento, mas também de socialização. Portanto, uma atividade dessas permite conhecer mais sobre a cidade, se apropriando desses espaços públicos”, observa.
A visita participativa contou ainda com a degustação de pastéis de Santa Clara para a compreensão de que o patrimônio é composto não só do material, mas também do imaterial.

Reserva técnica e conhecimento tátil
Outra frente de trabalho em curso é a requalificação da reserva técnica da Catedral, realizado pela Ato Produção Cultural. Durante a vista, o grupo conheceu um pouco do trabalho desenvolvido para a requalificação do acervo sacro, a partir da condução do museólogo. Acompanhados de Freitas, eles puderem tocar nas peças expostas e entender sua importância histórica. “É diferente quando apenas se entra em um lugar, sendo deficiente visual, e quando temos alguém que descreva informações, imagens, cores, formatos, junto a uma contextualização histórica e cultural, ampliando o repertório de conhecimento”, ressalta o museólogo.
Segundo a assistente de produção do projeto Joana Maciel, os trabalhos na reserva técnica estão na reta final, com previsão de finalização até o final de outubro. “Já estamos com 95% das fichas de identificação das peças preenchidas, os mobiliários organizados e a partir da entrega do trabalho continuaremos com ações junto à comunidade”, adianta.
Os projetos na Catedral acontecem através de diferentes frentes de financiamento. A etapa final de cobertura, assoalho e projeto de acessibilidade por meio da Lei Estadual de Incentivo à Cultura – LIC/RS, com aporte de cerca de R$ 2 milhões e gestão da Perene Patrimônio Cultural. Já a requalificação da reserva técnica, via Lei Rouanet, com R$ 185 mil de patrocínio da empresa Bianchini S.A. e condução da Ato Produção Cultural. A recuperação das fachadas se dá por emendas parlamentares dos deputados Daniel Trzeciak (PSDB) e Dionilso Marcon (PT), no valor de R$ 300 mil cada, e gestão do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

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