Restauração da Catedral de Pelotas promove ações participativas de educação patrimonial

Projeto inclui visitas guiadas ao templo e atividades artísticas com estudantes, tendo como foco a compreensão histórica e a preservação

Primeiro, conhecer a história e ver os detalhes do templo ao vivo. A partir daí, usar a arte como instrumento de compreensão sobre a importância da preservação do patrimônio. É com essa fórmula que o projeto de restauração da etapa final da cobertura da Catedral Metropolitana São Francisco de Paula, executada pela Perene Patrimônio Cultural, tem avançado para além das obras. Com o objetivo de impactar novas gerações para que tenham consciência do valor cultural e também atuem pela preservação do prédio, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Rio Grande do Sul (Iphae) e pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), ações de educação patrimonial têm sido realizadas, em um primeiro momento, com grupos de estudantes.

Papietagem foi a técnica escolhida para criação das cúpulas inspiradas na da Catedral (Foto: Carlos Queiroz/QZ7 Filmes)

A mais recente das atividades aconteceu com alunos do sétimo ano do Colégio São José, com a condução da equipe da Alma Patrimônio, responsável pela educação patrimonial do projeto. Divididos em grupos, eles usaram a criatividade para confeccionar artesanalmente réplicas da cúpula da igreja, orientados pela artista plástica Márcia Silveira. Os estudantes aplicaram a técnica de papietagem – com papel, cola e balões – para reproduzir a estrutura a partir de seus pontos de vista. De acordo com a arqueóloga da Alma, Marta Bonow, o objetivo é que, além de ser exposta futuramente, a produção dos alunos seja usada em novas etapas do processo educativo que integra o projeto de restauração da Catedral. Entre elas, a que pretende proporcionar a pessoas cegas e com deficiências visuais, a experiência de sentirem através das peças, como é a cúpula do prédio. “Essa técnica permite a criação em alto relevo, dando a possibilidade ao segundo grupo de participantes das ações a possibilidade de sentirem a cúpula da Catedral a partir do olhar destes estudantes”, explica Marta.

Para a arquiteta responsável pelo projeto de restauração da Catedral, Simone Neutzling, da Perene, o processo educativo que acontece durante as obras é uma potente ferramenta de valorização e preservação do patrimônios cultural. “O conhecimento e a compreensão sobre a importância de um bem cultural são fundamentais para que se possa preservá-lo. Por isso, buscamos incluir em todos os projetos estas ações como uma forma de despertar o sentimento de pertencimento, a consciência de que não são apenas prédios, e sim parte da história e da identidade de uma comunidade.”

O estudante Filipe Dias Barbosa encantou-se com as pinturas (Fotos: Carlos QueirozQZ7 Filmes)

O conhecimento como pano de fundo

Para que chegassem à fase de produção das réplicas da cúpula, antes os jovens tiveram a oportunidade de fazer uma imersão na história e nas curiosidades da Catedral. Em um passeio guiado, as turmas estiveram no local acompanhadas pela equipe de educação patrimonial, pela professora e historiadora Suéllen Cortes, conhecida nas redes sociais como Prof. Suka, além da arquiteta Simone.

Filipe Dias Barbosa, de 12 anos, é um exemplo do interesse dos estudantes pelas histórias que fazem parte da igreja considerada um marco de Pelotas. Antes da atividade artística, fez questão de registrar no celular, em vídeos e fotos, detalhes da visita ao prédio. “De tudo o que vi, o que mais me impressionou é o realismo das pinturas em volta da cúpula. Aprendi mais sobre a Catedral e seus desenhos, suas formas. É muito interessante”, conta.

Enquanto circularam pelo templo, os alunos do São José puderam também conferir de perto o andamento das obras da restauração da cobertura, assoalho e revitalização das fachadas, além de qualificação da reserva técnica. A etapa final da cobertura tem financiamento do Pró-Cultura Estadual. 

Peças em relevo serão usadas na etapa posterior de Educação Patrimonial com pessoas cegas e com deficiências visuais (Foto: Carlos Queiroz/QZ7 Filmes)

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