O repórter e a arte da apuração – crônica


Notícia, sempre, é algo novo. Para conseguir ineditismo o jornalista precisa ter disposição para cavar — e faro. Faro principalmente para saber a direção certa, identificar naqueles personagens algo importante a ser apresentado, e tenha relevância para o diálogo social. Sabendo que muitas vezes é preciso analisar e vivenciar a história, até ela se tornar manchete.

Entrei madrugada dentro assistindo o jornalista Caco Barcelos incansável em investigar. A série Rota 66 (globoplay), mostra um repórter obstinado pelo trabalho, coletando dados numa época em que era preciso sujar as mãos na poeira e revirar arquivos desorganizados e intermináveis. Uma lição de apuração jornalística que maratonei até o dia nascer.

O repórter na série vai acumulando informação sobre os casos envolvendo a ronda ostensiva da polícia militar, por experiência de já ter presenciado ações semelhantes, confia na autenticidade dos crimes cometidos. Computar a amostra de dados, criar estatísticas, rebater com o material impresso coletado até proporcionar que a história seja publicada é que são elas. Ter conseguido uma apuração com a narrativa coerente dos fatos e, implementado aos dados quantificados um caráter científico, faz do Caco Barcelos um profissional ímpar.

Não só um profissional ímpar, um corajoso jornalista brasileiro digno de ter sua biografia protagonista em uma série. Comecei assistindo na escrivaninha, e terminei com o notebook no colo estirado no sofá. Aconselho vocês a fazerem pipoca em dobro antes de assistir, pois depois de apertar o play, só é possível sair de frente da tela se acontecer algo muito importante, tipo o fim da fabricação de bambolês ou a queda da democracia.

246lucian@bol.com.br

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