Sem atividades na biblioteca, os pelotenses não usufruem de sua principal fonte de livros


Arte: Felipe Thofehrn

Adentrei a Livraria Monquelat e fui recebido com o cumprimento característico do livreiro: “E aí, professor”. Fazia um tempo que não ia a livraria, talvez desde o início da quarentena.

Meses atrás tinha procurado o título, O Homem que Brigava com Deus do Manoel Soares Magalhães, dessa vez, o encontrei acomodado na prateleira de escritores locais. Após o último decreto da prefeitura, todos os sebos e livrarias voltaram abrir, para conforto dos que seguiam comprando livros por baixo das cortinas. Mas enquanto conversávamos, o Adão fez a provocação: “A biblioteca pública continua fechada”.

“Por medida de segurança, em razão provocada pelo Covid-19, estaremos fechados até a data de 31 de maio do ano em curso”, diz o último aviso pregado na porta. Sem atividades na biblioteca, os pelotenses não usufruem de sua principal fonte de livros. Levando em conta que as pessoas estão, em grande parte do tempo, dentro de casa, o empréstimo de livros seria uma via estimulante para leitura.

Poderia funcionar apenas a sessão de empréstimos, obedecendo os protocolos sanitários decretados. Deixando restrito estudar nas mesas e dormir nas poltronas. O cuidado extra necessário para que o álcool gel não danificasse o papel, já é feito com uso de luvas na hemeroteca, onde há preservados jornais do tempo da gripe espanhola.

A leitura é o alimento mais rico para alma. A linguagem escrita estimula o imaginário de forma tão aguda que constrói estigmas na personalidade. Todo leitor tem seus livros de formação. Logo que a biblioteca reabrir, vou retirar A Casa dos Budas Ditosos do João Ubaldo Ribeiro, uma história cheia de bebidas e sacanagem.

Texto: Lucian Brum
Arte: Felipe Thofehrn

Arte: Felipe Thofehrn

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